sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Minha tolerância tá no negativo. Até eu tô tomando cuidado comigo.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Bridget Jones

tô amarga
sem amor
tô sem graça
até rancor

tô feinha
sem cabelo
sem minhas unhas
desespero

tô cansada
enjoada
saco cheio
me transborda

quero praia
quero sol, paz
uma birita 
e me ver sumindo pra lá do mundo

sinto alegria
nostalgia
um tanto de tristeza
e calmaria

não quero nem você
não quero mais ninguém
tô transbordada de tanta gente
gente chata e bacana idem

quero meu corpo só pra mim
meu beijo pra ninguém
quero entrar dentro do meu peito
entender porque esse desalento
e mazela cotidiana

tô sentindo cheio da loucura
da poesia e de qualquer ternura
esperando que alguém pare de me cobrar atrás da porta 
tô suando feito porca

tô mesmo é com náusea
vertigem, artrite e sinusite
lotada de tanta informação

tá engasgada minha garganta
de tanta ansiedade estranha
meu âmago só entranhas
e nada mais que isso

tô sem cor
sem flor
sem alento
e de tudo tanto
tô até sem dor

não quero nada no meu coração
tô cansada de imaginar ser puta em vão
tô mesmo com raiva
cansada de ser santa, humilde e anta
e tipo a Bridget Jones


tô farta de tanto amor
e de quanto ele falta nas horas certas
tô injuriada de grosseria
gente falsa todo dia
e de pensar num mundo melhor

tô me batendo por não ser mulher
e me maltratando por ser criança
talvez eu queira ser outra
talvez queira ser homem

to sem ar
de tanto pensar em como é que se faz
pra sair daqui
e não voltar nem se o mundo parar

tô sem ânimo
sem alegria
por mais que tenha festa todo dia
eu não me contento e quero mais
to insatisfeita mesmo meu rapaz


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Discursiva - Allan Jones (Pra guardar pra vida)


“Eu, que pretendo solene dispor cuidadosamente das palavras a fim de não desrespeitar quem quer não mereça, venho, em nome de toda autoridade que eu não tenho e nem preciso, pedir-lhes que deem fé a este comunicado:

Que fiquem, a partir de agora, desinterditados o carinho e a safadeza entre:

As cidadãs e as outras cidadãs das cidades

os cidadãos e os outros cidadãos

a cidadona e seus cinco cidadãos

a outra cidadã e os seus oito cidadãos

o cidadão e suas 17 cidadãs infláveis…

O porteiro do prédio e o limpador da piscina do prédio. Seja na portaria ou na própria piscina do prédio, que não tem porta e, sendo assim, fica mais fácil de tomar banho escondido e abraçado na água morna, cantarolando as canções de Andaluzia que aprenderam às 05:15 da manhã com seus companheiros de orelha.

Que se desproíba também a vendedora de salada de frutas e a mulher que saliva ao ouvir o sininho pendurado na moto da vendedora de salada de frutas. A mulher que desce as escadas com água na boca, e toca mais uma vez o sininho, e saliva. E sorri. E sonha subir naquela moto e correr por todas as ruas do mundo, correr até que se acabe o petróleo que fabrica a gasolina, só para que elas possam ficar perdidas em qualquer asfalto longe, só para que elas possam tocar aquele sininho o mais alto que puderem, até as mãos se desmancharem, para que todo mundo saiba que, há quatro meses, elas nem aguentam comer mais a salada de frutas. É que elas salivam, e que sorriem e que se encontram mesmo é pela língua da boca uma da outra. E pelo som delicioso que elas juram escutar daquele sininho.

Que a juíza de Direito Maria Aparecida dos Santos possa finalmente usar em algum porta-retrato o presente que ganhou da travesti Vivian Lolita: uma foto em que se abraçam e uma dedicatória em que se diz “Maria, desculpe a falta de decoro, mas é que eu não vejo a hora de sair do teu armário, me leva pra rua, lembra? É só a parte de fora do meu peito é que não é de verdade. Que fique permitido o nosso abraço”.

Que a partir de agora fiquem terminantemente permitidos todos os abraços. Os abraços dos braços ou os abraços das pernas. Sejam essas pernas cabeludas ou raspadas. Pretas ou brancas. Listradas ou Azuis!

E que a única coisa que fique terminantemente condenada seja o desrespeito e a utilização de métodos de estiramento capilar na cabeça de pessoas como o Excelentíssimo Senhor Deputado Pastor Presidente da Comissão de Direitos Humanos deste país. Condene-se o preconceito contra os cabelos que nascem duros e contra os paus que ficam duros pelo que quer que seja! Contra o amor ou contra o cu de quem quiser que exista. Fiquem eles proibidos. E quanto aos outros e outras, que continuem fodendo e lutando por dias mais bonitos.”


https://www.facebook.com/photo.php?v=10202356827510181

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Andei assinando Bonita
Perto dele eu me sentia assim
sã e insana

Sentia uma energia descontrolada
batendo a todo vapor no peito
e no respirar buscava o equilíbrio

Em poucas conversas
opostos
e uma pitada de confusão

No rosto dele desenhado
um quadrado
com pele, pelos e piadas

Em seus dias que passaram
contentamento
e um ciúme disfarçado

Na despedida
Um singelo e sem graça abraço
ele não se contenta
e me estala até a alma

Enrolamos um ao outro
Com assuntos desnecessários
Só pra poder ficar mais um pouco
Mais do lado

Com as mãos nos bolsos ele me faz rir
Eu me despeço e ele diz:
Bom te ver por aqui

E eu
Que ao dia pedi que não visse o todo dele diante de mim
Senti que mentirosamente eu enganava o meu sim

Vontade dele em dias de paz
E que seja amor
E que eu descubra que é amor

Sem espinho
Saímos caminhando lentamente e sorrindo
Enganando nosso próprios destinos
Olhando e aceitando que deva ser assim mesmo
Estarmos sozinhos

Não vazios e de solidão
Mas separados nois dois
dos dias, mensagens e ligações

Nem companhia
Na madrugada ou meio-dia
Nem em desenhos, filmes e poesias

Receosamente registro somente por que acredito
que a inspiração mereça saber

então me leia agora pra ficar sabendo
foi bom te ver também
porque eu estava mesmo
E apesar de todos os defeitos
Com saudade de você

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Nunca vivi algo assim
que pudesse sentir alguém tão em mim
que em todo momento tivesse vontade de gritar
saia daqui!

e que quando do centro eu o tiro
ele tenta invertes minhas decisões e colocar um fim
dizendo nunca mais estarei aí

Está intrínseco aos meus dias
nas paredes, pontos e moradias
no romance esperado
e no nó que arranha minha garganta agora

esta nas tintas e folhas
brancas, verdes e até no meu braço
o laço foi quebrado
e agora cada um segue seu próprio passo

Mas ele continua aqui
na hora de acordar
e na fronha até na hora de dormir
está nas minhas linhas
de afeto, amor e raiva
e nas curvas do meu corpo

tenho sono
e ainda que tenha me prometido
não pensar mais em ti
e até em te substituir
os olhos não fecham querendo suas mãos junto as minhas

ele não some
das ruas, calçadas, quebradas e avenidas
e sabendo que não mais meu
como nunca foi
agora já deve ser de outra bonita

foi nos encantos
que o colo virou atrito
e eu desejava que fomos um só
só silêncio
para não ofendermos tanto nosso corações

da companhia
que quem sabe se quer um dia foi sadia
chegamos a partida
das desilusões vinculosas
que nos prendeu
até semana passada.