quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Bridget Jones

tô amarga
sem amor
tô sem graça
até rancor

tô feinha
sem cabelo
sem minhas unhas
desespero

tô cansada
enjoada
saco cheio
me transborda

quero praia
quero sol, paz
uma birita 
e me ver sumindo pra lá do mundo

sinto alegria
nostalgia
um tanto de tristeza
e calmaria

não quero nem você
não quero mais ninguém
tô transbordada de tanta gente
gente chata e bacana idem

quero meu corpo só pra mim
meu beijo pra ninguém
quero entrar dentro do meu peito
entender porque esse desalento
e mazela cotidiana

tô sentindo cheio da loucura
da poesia e de qualquer ternura
esperando que alguém pare de me cobrar atrás da porta 
tô suando feito porca

tô mesmo é com náusea
vertigem, artrite e sinusite
lotada de tanta informação

tá engasgada minha garganta
de tanta ansiedade estranha
meu âmago só entranhas
e nada mais que isso

tô sem cor
sem flor
sem alento
e de tudo tanto
tô até sem dor

não quero nada no meu coração
tô cansada de imaginar ser puta em vão
tô mesmo com raiva
cansada de ser santa, humilde e anta
e tipo a Bridget Jones


tô farta de tanto amor
e de quanto ele falta nas horas certas
tô injuriada de grosseria
gente falsa todo dia
e de pensar num mundo melhor

tô me batendo por não ser mulher
e me maltratando por ser criança
talvez eu queira ser outra
talvez queira ser homem

to sem ar
de tanto pensar em como é que se faz
pra sair daqui
e não voltar nem se o mundo parar

tô sem ânimo
sem alegria
por mais que tenha festa todo dia
eu não me contento e quero mais
to insatisfeita mesmo meu rapaz


Nenhum comentário:

Postar um comentário