domingo, 29 de março de 2015



Um tanto de força, ás vezes um tanto de nada

Sou preguiça, distimia e euforia



Sou vontade e desistência

Daquelas que sai pelos fundos

Pela direita

Sou solidão quando alguém vai embora

E uma abraço rabugento quando isso acontece



Sou timidez quando o rosto enrubesce de pudor

E um tanto de moral pra não faltar equilíbrio

Sou julgamento quando tô errada

E luta se for pra ir pro combate

Sou a tristeza em dias cinzentos

E um sorriso largo quando de azul o céu me favorita



Sou esperança ao dobrar da esquina

Brincadeiras em afeto de menina

Sou eu adulta querendo não crescer

Tento a paz quando tudo vai de esmorecer

Sou essa chuva pingando gelada lá fora

E carinho pra ser confortada



Sou aquela chegada
Parceria e inimiga se assim me fizer
Sou o calo no pé, me perdoe se achar que der
sou adeus na hora da partida
sou o bater da porta enfurecida
e não me comovo quando é preciso valentia



Sou o voltar atrás quase o tempo todo

de ser arrependida não me envergonho

Sou verdade e excesso de sinceridade

E uma piada sem sal, sem gosto e de graça



Sou amor infinito
Lágrimas nos olhos do menino
Sou pedra, pudim, pão e azeda feito limão
E sou o cara com fome e frio
Deitado ali no chão

Sou preta, parda, branca, mulata
Sou chinesa, mulher presa e também molestada
Sou do nordeste,
Eita peste! Sou demais é da folgada...



Tô pronta aqui se de desejo você vem

Mas saio fora se for só de desdém



Pressão baixa

Sonhos dentro, fora ou ao lado da caixa

Me encaixo onde couber

Se assim não puder

Sai de mansinho caso você não me achar



Sou politica

Corrupta

Interesseira se for pra fazer bagunça

Sou os riscos nos antigos muros

E a folha do graffiti



Fui animal

Usada de forma descomunal

Fui fugitiva, coluna e depositária acusativa



Fui mulher na passarela

Quando ninguém mais pensava

Eita! Aquela era....

Quase uma aquarela



Fui sanfona

Entre as idas e vindas das minhas gorduras

em todo o corpo, seios e cintura



sou psicologicamente incorreta

mentalmente imponderável

ser só pé no chão não me agrada

eu prefiro tudo ao contrário



Sou Capão

Meus irmãos no camburão

Os que se foram inocentes no rabecão

Cidadãos



Sou praça da Abadia

Minas Gerais e companhia

Minhas aventuras

Sou minhas amigas



Sou quem passou por mim

Sou quem ficou por aqui

Sou quem eu passei por dentro

E sou quem deixei lá fora



Sou o passado tentando se curar na sessão de terapia

Sou toda minha má poesia

sou o sono me arrastando todo dia

e café preto pra enfrentar toda rotina

sou chá gelado por fazer

aquele que acende pra espairecer

sou o pf pra encher

e um tanto de lamento por ter que escolher



sou o não controle do sofrer

meu filho que ainda vai vir pra nascer

azul marinho antes de amanhecer

e calor de noite nos pesadelos



sou ladeira, morro, quebrada

não desanimo com qualquer emboscada

e me apaixono toda vez

pelo laranja atrás dos barracos



sou todos os instrumentos de batucadas

sou maracatu, coco e embolada

sou o nariz de palhaço

um tanto de estardalhaço

e um pé fora do compasso



minha beleza é efêmera

depende do dia

da alegria

sou o término

e ponto de partida



eu sou as inúmera folhas que poderiam seguir

que poderiam me fazer entender e ser

no meio disso tudo

me digo

me dito

e para sempre

com todo direito

piso passo

me reescrevendo







das brigas

Pode ir
Pode rir
Vá com suas bombas, más mulheres e status
Não quero que nada fiquei, nenhum rastro
Nenhuma blusa
Quero que você se arrependa de cada frase e meia volta que deu
Quero que Deus te faça ajoelhar aos meus pés
E pedir desculpas com algumas lágrimas de amor
E sem pudor
Grite ao mundo que me ama
Que sou sua dama
Que sou sua chama
Que te chamo

No fundo
Assim como qualquer animal senciente
Eu só quero ser amada
E de desejos alvejada

Você vai
Meu travesseiro fica
num único respirar do seu perfume
Na fronha
Na sua blusa favorita por mim
Usada em ódios de frios meus

Não obstante, a invasão vira confusão
Perde-se o tato
o controle
queremos o trono
estou com a razão

e no meio desse furacão
eu descarrego em meus versos
e com nada resolvido
vamos dormir sozinhos

eu e você!

Por: Eduardo Dias



"De tão grave
o desafino rouco
ante os ouvidos
só-um pouco
virou

tônica de lovesongs
riff de heavy metal
solo de rock'n roll

timbre nu
play

pro conto do coração que fez greve
por tão vermelho
ser

vizinho do peito
já (talvez) negro de tanta flora
à fora aflora flor
feito fora
a que dia desses
o tal Drummond viu nascer.

e quando menos se espera
centro (grevista) desencasula
papos tinta
típicos de quem manja dusparanauê
e busca cores pra sua aquarela
nova

mente
corpo
marca in tags
pele nua
que das cinzas fez chama.

De tão composta
quis ser momento
quis ser minuto
diminuta.

Teu nome já navega
sendo assim lhe bastam:
vento, água e direção"

Eduardo Dias